Wine Path
Se tivermos em conta um percurso de comercialização simples, em que o produtor vende a um distribuidor, e este ao retalhista (restaurante, garrafeira, super mercado, …) facilmente se aceita que o preço do vinho sofra alguns incrementos desde a fonte até ao cliente final.
Tomemos por exemplo um vinho que custa ao produtor 2 €. Se este o vender a 2,5 ou 3€ (e em média não passa disso!) ganha na melhor das hipóteses 50 % sobre o preço de custo. Esse vinho passa ao distribuidor que variando pode adicionar mais 50%, logo 4 €. Mas ele também tem os seus custos, na medida em que terá os comerciais na rua e normalmente entrega o vinho em casa, mesmo que o cliente compre uma ou duas caixas hoje e daqui a uma semana volte a pedir mais! Isso também se paga e agora mais com a escalada do preço dos combustíveis! Por isso não me parece também aqui que se esteja a meter a mão! De seguida o retalhista, se for garrafeira ou super mercado põem uma pequena margem á semelhança do distribuidor, já têm o seu mais limpo, mas ainda assim não será nenhum roubo. Sobra o restaurante e é aqui, penso, que reside um dos maiores problemas do vinho em Portugal.
Prestando a maior das vassalagens aos que vendem verdadeiramente bom serviço, sou obrigado a afirmar que a maior parte dos restaurantes em Portugal confundem-no com boa aparência! O problema é que muito cliente faz o mesmo!
Ora nestes restaurantes, o serviço de copos é miserável mesmo nos que se dão ao trabalho de comprar copos mais caros e design, mas feitos para um tipo de vinho que, sinceramente ainda não conheci! Lavam-nos com detergente para a louça e têm um empregado de mesa que se acha no direito de substituir o escanção porque já percebe muito bem a diferença entre branco e tinto e apreendeu aquele que considera o maior mandamento do escanção: “Brancos para peixes e tintos para carnes” (triste!). É vê-lo feliz a sugerir o vinho mais caro da carta, ou em alternativa uma qualquer zurrapa digna de uma sangria ao fim de tarde! O branco é de 2ª e o rosé não é vinho. O patrão lá vai esfregando as mãos de contente, pois não só poupou no ordenado de alguém com “estudos” como também vende bem daquele vinho bastante bom! Aquele que comprou a 4 € numa promoção do distribuidor e vende agora a uns módicos 15€ ou 20€, dependendo da pedantice do espaço!
Até que o cliente mais informado acha que o vinho não merece o preço e não volta a beber aquela marca. Para a próxima pede outra! O retalhista não volta a pedir o vinho ao distribuidor e este não o volta a comprar ao produtor que até tinha um vinho com uma excelente relação qualidade/preço!
Estou consciente de que qualquer estabelecimento tem despesas astronómicas e que a A.S.A.E. anda aí e não se pode vacilar! Mas novidade, também anda no produtor e no distribuidor!
De uma vez por todas, tem de deixar de ser o vinho a pagar as grandes facturas dos restaurantes!
Se ainda assim insistirem, por favor, dêem-se pelo menos ao trabalho de comprar copos de e para vinho, está bem?
Parecendo que não, ajuda!
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