Wine Writers.pt

Confesso-me um fã das crónicas de Miguel Sousa Tavares no Jornal Expresso. Nem sempre concordo com ele, mas gosto da forma como se empenha nas matérias, na paixão e inflamação com que defende uma posição. Não é à toa que o homem desperta amor ou ódio! É precisamente porque também ele defende as suas causas com esses mesmos extremos. Acima de tudo, não consigo conceber a ideia de ficar sem uma opinião depois de as ler. Isto porque tem a capacidade de reduzir a coisa ao essencial, ou se preferirem, dar-nos o fio do novelo facilitando o nosso trabalho de puxar e desmanchar! Se me sinto pouco informado, provoca-me à investigação!
Com todo o respeito que tenho pelos wine writers Portugueses (e porque não lhes imputo a responsabilidade) acho que no panorama dos vinhos, faltam dois ou três “agressores morais”. Alguém que abandone definitivamente os nins, que dê verdadeiramente a sua opinião. Do tipo, isto acontece, aquilo deveria acontecer, isto está bem, aquilo não é bem feito (não passará disso, de uma opinião individual!). Alguém que aponte o dedo aos problemas do sector, que desconstrua certas imagens intocáveis que começam a prejudicar o avanço desta industria, que defenda quem é verdadeiramente prejudicado em toda a via de comercialização do produto, que aponte o dedo aos vários parasitas burocráticos que pesam no sector, que peça contas às entidades promotoras do vinho, … enfim, trabalho não falta!
As revistas que têm espaços destes, exploram-nos a meu ver, mal! Umas têm várias crónicas de opinião, mas especificamente sobre o produto, vinho tal e tal e por críticos que não têm uma ampla visão do panorama luso, são normalmente de outras paragens! Outras pegam em nomes conhecidos da praça, e põem-nos a falar sobre temas que conhecem mal ou que lhes dá franco desconforto. Enfim! Muito pouco no sentido da loiça que ameaçam mas não partem!
Estou perfeitamente convencido que os críticos, entidades isentas e sem compromisso na produção, são quem mais preparados estão para a função. Salman Rushdie diz às páginas tantas no seu “The ground beneath her feet” que, muitas vezes é preciso sair da moldura para ter percepção do quadro todo. Acho que os críticos são os únicos que podem o suficiente.
As revistas acabam por se sentir presas aos compromissos comerciais e ao medo de apontar o dedo aqui ou ali! De perder amigos (porque o nosso pais é tão pequenino!) e a mão ao negócio, mas se uma publicação tiver uma boa tiragem devido à existência de tal frontalidade poderá atrair publicidade daqueles que se sentem defraudados com a actual conjuntura, que estou em crêr serem mais que os que os actuais!
Perde-se assim uma oportunidade e a vocação jornalística de algumas pessoas que devidamente incentivadas poderiam fazer mais pelo sector que um cento de produtores competentes.
Dirão que é a nossa natureza, que somos um pais de brandos costumes, mas Miguel Sousa Tavares está aí para provar que é possível, basta ter vontade e principalmente…
CORAGEM!

Comentários

Anónimo disse…
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Hugo Mendes disse…
Este comentário foi removido pelo autor.

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