Portugal, os Portugueses e o medo de errar!
Não sei por quem nem porquê, mas parece que a impossibilidade de errar está impressa no nosso comportamento! Ao ponto de dar a sensação de que não fazer é melhor que fazer mal. É transversal a todas as acções da sociedade. Desde a gestão até ao simples emitir de opinião! Pessoalmente ainda acho mais estúpido tendo em conta que o povo tem memória curta! Logo, não sei porque não há um maior investimento no risco!
Atenção, convém aqui não confundir com os erros da classe política, mesmo poucos contestados são muito mais graves e prejudicam todos á excepção de quem os comete. E estes perpetram-nos, não por ignorância, mas, porque são precisamente beneficiários desses erros.
Entendo que o erro, “quando bem feito”, só nos beneficia, pois dá-nos uma oportunidade inesquecível de aprendizagem. Quem errou pouco no crescimento, certamente será mais descuidado (excesso de confiança) e tenderá a cometer erros maiores. Quem aprende com os erros, tem também um espírito mais fortalecido e respeito pelo meio envolvente!
Li há pouco tempo sobre este assunto (aqui), que os Americanos (relembro, aquele povo a quem passamos o tempo a apelidar de Burros) colocam no CV todas as experiências falhadas que tiveram na vida. Exemplo: criei uma empresa que não vingou. O Português esconde ou pinta-a de amarelo, pois tem medo que vá ser visto como incompetente e fracassado. O Americano, põe lá que teve a empresa X, pois sabe que, não só o seu espírito empreendedor é valorizado como se espera que da experiência tenha ganho conhecimentos e responsabilidade. Quem já teve uma empresa e a fechou, tem obrigatoriamente mais respeito por aquela que o emprega ou pelo gestor que a mantém de portas abertas.
Obviamente que os custos deste acanhamento são a fragilidade total em que nos encontramos, a dependência absurda que temos do estado e dos dinheiros europeus, a forma incontestada com que nos deixamos conduzir, a tão famosa cauda da Europa, a eliminação do mundial e demais atrasos provocados por uma atitude passiva e de instalação!
Quando bato com os olhos no futuro tenho, seguramente, mais receio da frustração de não ter tentado que da de ter errado!
Comentários
Sobre a comunidade Bloguista nacional (parece que já estou a ouvir o Pingus a dizer: “ mas qual comunidade Hugo?”) não há já muito a dizer.
Cada um quer o que quer e é o tempo e o trabalho individual (já que todos falam mas ninguém se junta!) que vai ditar qual é o futuro do movimento (mas qual movimento Hugo?).
Se estás nisto há 6 meses, não imaginas as discussões que já houve por causa deste tema, só este ano, imagino mais para trás.
Eu fartei-me de dar palpites. Decidi agir e preparo algo que brevemente anunciarei, mas que estou certo vai de encontro ao que tenho andado para aqui a pregar!
No mais, é obvio que os comentários inexistentes e circulares estiveram na minha cabeça quando escrevi o post, mas, se reparares, o medo de errar é património nacional e é também transversal à população.
Muito obrigado por isso!
No mais, entendo o que diz, mas não concordo inteiramente! Eu vejo uma coisa do género mistura entre azeite e vinagre, se agitar-mos temos uma mistura que parece homogénea, não havendo diferença entre o topo, o meio ou o fundo do copo. Mas se a coisa for estática, há uma estratificação em que o azeite se sobrepõe ao vinagre, mesmo que o azeite seja um simples fiozinho, manter-se-á à tona.
Eu vejo as pessoas que representam a classe política como o azeite que, perante a passividade do resto escala ao topo do líquido e faz aquilo que muito bem quer! Não representam o carácter dos restantes cidadãos, mas estão no poder por culpa isso sim desses mesmos cidadãos!
Pessoalmente, e sei que isso é o que menos conta, não me sinto responsável pois sempre votei e voto e acredito que o voto branco é a única forma de protesto, que, em nada tem a ver com abstenção. Quando voto branco digo claramente que não me identifico com nada nem ninguém, mas preocupo-me, a abstenção pode ter uma infinidade de leituras, logo, só tem uma leitura: “Façam o que quiserem, eu não quero saber”.
Quanto aos ensaios, só o posso felicitar por isso, eu sou grande adepto de ensaiar o que se puder, de errar, de arriscar. E é bem engraçado, quando um erro nos abre uma nova oportunidade. O ano passado tentei fazer uma barrica de colheita tardia para experimentar. Medi mal a coisa e no final tinha mosto para meia barrica. Deixei fermentar e atestei-a com vinho normal. Não é que quando fui a provar, tive a agradável surpresa de ter um vinho com características diferentes que poderei usar para enriquecer o lote do novo clássico? Nunca teria lá chegado se não tivesse errado!
Como disse, fiz apenas um ensaio e na altura, li umas coisas no Handbook of Enology sobre a parte teórica. Na prática, apanhei o Paulo Coutinho no Faceboock e fui-lhe pedindo algumas dicas. Ele teve a amabilidade de mas dar. Na questão da maturação da uva, tive a sorte de receber umas visitas do meu bom amigo Helder Cunha que, não rejeita uma visita à vinha e como tinha experiência nesse tipo de vinhos foi-me dando também umas dicas e parâmetros.
Nunca cheguei a perceber bem o resultado das minhas escolhas, por isso não sou, de facto a pessoa indicada para dar dicas.
Dizer apenas que a minha intenção era fazer um contacto pelicular com enzima. Uma boa defecação e uma fermentação com leveduras nativas (pois as seleccionadas, têm factores um forte domínio sobre o meio e, felizmente, ajudam a dar cabo do resto da flora.) no mais era coloca-lo numa barrica usada e deixar ver!
A uva, era controlar o amadorecimento e apanha-las quando estivessem bem douradinhas!
Aconselho-o a ver umas fotos que o Paulo Coutinho tem sobre isso no seu perfil do Facebook, pois penso que a nossa conversa ainda lá pode estar gravada!
Sei que não ajuda muito, mas dei tudo o que tinha…
Abraço e boa sorte!
Nuno, sobre a falta de comentários no seu blog, não desmoreça porque não é só no seu blog que isso acontece, porque simplesmente, como digo eu e o Hugo, cada um dos bloggers fala do que quer, quando quer e como quer. A diversidade é enorme e as vontades também.
Depois, Nuno, não existem blogs de 1ª ou de 2ª. Existem é blogs.
Quanto à falta de comentários no meu blog era relativamente ao assunto da classificação de vinhos, pois não estou a ver a malta a ir comentar um vinho só para dizer que é bom, ou que não conhece, mas sim de um assunto que acho no minimo curioso. Mas não quero com isto que se pense que estou triste, pelo contrário, eu sou uma pessoa que está sempre bem disposta. E viva o vinho português.
Abraço aos dois!