Plano de Marketing Viniportugal


Há muito que o pedia, há muito que me respondia que estava a ser feito.

Quando finalmente foi apresentado (12/12/2011) estive quase para não conseguir estar e por isso falhei o princípio. Não me pareceu grave.
Em boa hora fui saber o que se propõe a Viniportugal fazer pelos vinhos Portugueses durante o ano que se inicia. Gostei do que ouvi, pareceu-me lógico e acima de tudo demonstra a existência de um rumo.
Dou já aqui a nota negativa, a única que tenho para dar nesta apresentação. Aos produtores. Seguramente 2/3 não entenderam que a Viniportugal serve todos e não somente aquele umbigozinho que treme de cada vez que o dito produtor/a decide mostrar o seu descontentamento pelo facto do plano não ter sido traçado à sua imagem.
Não é perfeito, mas é razoável. Fico abismado com o valor orçamentado. 7 milhões de euros? Foi isso? Ouvi bem? As taxas de promoção que os produtores pagam durante um ano inteiro, juntamente com os fundos comunitários só dão 7 milhões para a referida promoção. Alguém conhece as contas a fundo? Afinal o que andamos a pagar com as taxas de promoção?
Retenho algumas ideias que me pareceram muito ajustadas:
-Promoção do binómio qualidade/preço - será que aqueles vinhos de 50€ mas com qualidade de 10€ ficarão finalmente de fora?
-Educar mais para vender melhor – brilhante. Educar quem? O trade e a opinião. Justo. Fica o consumidor para os projectos “privados”. Abram a pestana bloguetas, é aqui que podemos apresentar propostas com valor.
-Embaixadores nos mercados – se bem escolhidos, serão bons agentes de comunicação da marca “Wines of Portugal - A world of difference”.
-Encomendar os eventos e a sua promoção a agências locais – parece-me lúcido, ganha-se rentabilização do capital humano e assertividade no trabalho desenvolvido, ou alguém tem duvida que um evento organizado e promovido por uma empresa local tem muito mais hipótese de ter sucesso?
-Uma última ideia que me precisou mais tempo de reflexão. Precisamos investir em estatística. Para quê? Para conseguirmos efectivamente ser mais assertivos na abordagem ao mercado. Concordo absolutamente.
No geral e dado o orçamento disponível, parece-me um plano consciente, sem ideias parvas como encomendar estudos que concluam, tarde, aquilo que todos já sabemos.
Não deixem de visualizar as conclusões do Forum aqui.
E já agora, não deixem de passar os olhilhos por esta apresentação, que a meu ver, do ponto de vista dos conteudos foi... brilhante.
Agora é ver como reagem os produtores a isto, se percebem que, mesmo não concordando com tudo, o caminho é a sinergia ou se, por outro lado vão, como fazem muitas vezes, enterrar a cabeça na areia e remar para o outro lado (até porque remar com a cabeça enterada deve ser uma coisa extremamente dolorosa).
Penso que pode sair dali boa coisa se instituições e produtores conseguirem bons níveis de concertação.
Espero que queiram e consigam fazer um bom trabalho!

Comentários

Nuno Vieira disse…
Olá Hugo,

Li com atenção a apresentação e as conclusões e acho que a uma incongruência que salta à vista. Se por um lado se diz que Portugal não deve ir atrás de modas (nomeadamente na questão das castas) por outro lado há alguma insistência na indicação de que os mercados pedem vinhos sem madeira.

Não serão os vinhos sem madeira também uma moda?

Acho que não há necessidade nenhuma em insistir tanto nesse ponto. A meu ver, a madeira, como qualquer outro factor de produção de vinho, deve ser usado quando necessário, desde que bem.

Abraço,
Nuno Vieira
Hugo Mendes disse…
Olá Nuno,
É uma questão pertinente a que colocas.
Qualquer resposta que te dê tem a validade da tua, é apenas uma opinião.
Penso que, quando falar global tens sempre de extremar um pouco, só assim não deixas espaço a leituras dúbias, por outro lado poderás sempre esclarecer pormenores à posteriori. Não sei se é este o intento da viniportugal e confesso que essa questão me passou despercebida. (convém frisar que apenas o plano de marketing e as conclusões são da responsabilidade da Viniportugal). O resto estava inserido no fórum de debate que se seguiu à apresentação.
Fiquei com a ideia que a Viniportugal pretende apontar esforços para os vinhos que demonstrem genuinidade. Que sejam representantes dignos e qualificados das regiões de origem. Abandonar a perseguição e copia dos perfiz sem raízes e apontar para a diferenciação. Foi essa a leitura que fiz, se estou certo ou não…. Só mesmo a malta da Viniportugal saberá!
Abraço
HM

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