Líder de opinião. O melhor da minha rua!
Em conversa telefónica com um amigo, fez-se luz na minha pobre
mente sobre um assunto que deveria ser considerado importante para os
produtores de vinho. Muito se fala da legitimidade para provar e
avaliar vinhos. Mais ainda da competência para o fazer. Irónico é o facto de
não conhecer ninguém (ninguém é muita gente eu sei, mas as excepções não desfazem a regra!) que tenha formação sólida nestas coisas do vinho provado,
quer na crítica quer no bloguismo. Para quando um master of wine? Sinto que
para a maioria, a formação é dada pelas garrafas de vinho que se provam, pelos
jantarecos que se cravam entre amigos e produtores. Somam-se umas visitas à
quinta, uma historieta de corte enbuida num qualquer desabafo "e
puff" criou-se um especialista em vinho. Paro por aqui porque
sinceramente já me estou a irritar.
Recebi a visita de duas
pessoas (entre muitas) que provaram os vinhos da quinta que me dá guarida enológica
e foram para as redes sociais na semana seguinte dizer que não tinham gostado
dos espumantes porque eram muito secos, ácidos, porque tinham a bolha fina e
porque eram leves. Tinham pouco corpo.
A leitura de um metido a crítico seria que estes tipos não
entendem nada de prova, que acabaram por argumentar, utilizando os motivos para
que o vinho em causa seja grande. Seriam facilmente rotulados como eno atrasados
mentais.
Uma observação mais atenta leva-me a concluir que muita da
avaliação critica e metida a critica, raramente diz mal do que quer que seja e
depois usa argumentação vaga e pouco propensa a interpretações diferentes por
outra pessoa. Ou acreditamos que o vinho é de facto muito bom, ou então sujeitamo-nos
à acção de barretismo involuntário.
Bom, onde quero eu chegar com tudo isto. Simplesmente aqui.
Alguém que expressa livremente a sua opinião e explica, de
forma clara os seus argumentos, pode muito bem ser, ou vir a ser um líder de
opinião. Dos bons, diria eu! Cpitão entre as opiniões da sua nuvem de
influência, o melhor da sua rua.... porque não? O seu papel será fundamental no futuro próximo, quando as redes
sociais mandarem literalmente na forma como fazemos o grosso das nossas
escolhas de consumo. São uma gente diferente dos críticos, por isso, serve este
post, simplesmente para alertar a produção de que eles andam aí e carecem de
ser entendidos pelo que são. Por favor, não os confundam com críticos ou
estudantes de crítico. Por favor, aprendam a navegar à bolina com esta
rapaziada.
Eles são de entre todos, os que mais facilmente despoletam
quorum sensing.
Para mais têm a característica absurda de comprar o vinho que provam e ainda recomendam, textualmente, que outros o façam quando gostam.
OK?
Vamos falando!
Abraço
HM
Comentários
Após a leitura do teu post, do qual cito parte do primeiro parágrafo “Muito se fala da legitimidade para provar e avaliar vinhos. Mais ainda da competência para o fazer. Irónico é o facto de não conhecer ninguém (ninguém é muita gente eu sei, mas as excepções não desfazem a regra!) que tenha formação sólida nestas coisas do vinho provado, quer na crítica quer no bloguismo. Para quando um master of wine? Sinto que para a maioria, a formação é dada pelas garrafas de vinho que se provam, pelos jantarecos que se cravam entre amigos e produtores. Somam-se umas visitas à quinta, uma historieta de corte enbuida num qualquer desabafo "e puff" criou-se um especialista em vinho.”
Faço o seguinte comentário:
• Como blogueiro que sou, que vai às provas de vinho, aos jantares vínicos e quando o tempo permite visita quintas, não sinto a necessidade de ser especialista do vinho para emitir uma opinião sobre os vinhos provados. Não sou e nem quero ser profissional do vinho.
• Para o consumidor a melhor forma de conhecer e aprender é provando vinhos de diferentes produtores, regiões e países.
• Para o produtor a melhor forma de dar a conhecer o seu produto é dando a provar aos potenciais clientes com um enquadramento técnico e comercial bem estruturados, para que o consumidor, caso goste do vinho o possa adquirir facilmente.
• Por último, penso que a apreciação final é sempre muito subjectiva, não quero com isto dizer que a prova técnica não tem valor. Penso também que todos os produtores, comerciais e afins deveriam aderir às novas tecnologias de comunicação e markting para que possam comunicar da melhor maneira possível os seus produtos.
Um abraço,
Elias Macovela
Ovinhoeefemero.blogspot.com
E a liberdade de se comprar as próprias garrafas é uma coisa fantástica.
Aliás, continuo a achar que tenho liberdade para dar a minha opinião mesmo sobre os vinhos que me são oferecidos. Com todas as palavras.
Posso não saber (e tenho pena de não ter mais conhecimentos técnicos) muito mas tenho a minha opinião. E mantenho-me fiel a ela. E mantenho-me honesto comigo.
E ao fim do dia sinto-me bem. E gosto do que faço.
A Symington patrocina!
Que oportunidade fantástica..