Está quase pronto o Reserva 2012
Há algumas coisas que me dão cabo do sistema nervoso. Uma delas
é a capacidade que algumas pessoas pensam ter de passar a perna a outras, de
me chamarem estúpido sem palavras. Raios me partam se acabo os meus dias sem
dar com um taco de Basebol nas pernas de um desses espertinhos.
No mundo dos vinhos há muita coisa desta, uma delas,
voltou-me a sair na rifa há poucos dias. Não interessa nada onde foi, com quem
se passou nem quem estava comigo, a verdade é que me apresentaram um
suposto vinho Reserva de 2011. Espera aí… 2011? Ouvi bem? Reserva? Para mal dos
meus pecados a coisa piora. Como? Trata-se de um vinho branco. Ora bolas,
Porra!
Vamos lá por parte. Não quero sequer saber o que diz a
legislação sobre o uso dos termos reserva, clássico, garrafeira…. You name it! O que me preocupa é o bom senso, esse que os produtores estão a perder. Esse que o
pessoal dos departamentos comerciais parece não ter e esse mesmo que todos os
primeiros parecem descurar no consumidor.
Para mim, que sou completamente leigo nessas coisa (not!),
reserva pressupõe tempo. Deixa ver o que diz o dicionário:
“ato ou efeito de reservar…tudo aquilo que se põe em depósito para ocorrer a possíveis necessidades …”
Pois bem, no código da língua que falamos, parece que o
factor tempo está mesmo implícito à utilização do termo.
Desta forma, não vale a pena vir com argumentos de técnicas
diferenciadas para o fazer. De que passa por madeira ou por depósito de isto ou
daquilo…. É tempo. Vinhos com designações deste tipo, pressupõem na minha
cabeça mais trabalho de adega, mais tempo de realização, mais dimensão
enológica. Mais risco acrescido.
Não adianta continuar, já perceberam onde pretendo chegar. Os
brilhantes departamentos comerciais continuam a procurar o fácil, o imediato e…
desculpem-me os mais sensíveis, o idiota. Continuam a confundir o consumidor e
a dar-lhe falsos sinais. Continuam a mandar para os novos e futuros
consumidores que este mundo do vinho é uma espécie de sociedade privada
carecendo de estudos iniciático.
Não é! Ouviram bem? Não é! Por isso sejamos sérios e vendamos os vinhos sem recurso
a logro. Paremos de confundir os consumidores. Como esperam que um produtor
que usa a lógica consiga explicar que o seu Reserva não tem ponto de comparação
com aquele outro que é vendido um ou dois anos antes do seu, na maior parte das vezes com um valor algumas vezes inferior?
Será que poderemos começara a pensar em construir o negócio
do vinho e parar de pensar em como o destruir de forma acelerada?
Ou isso ou mais uma vez demonstro o quão idiota sou (é uma deixa para os anónimos... aproveitem!
Ou isso ou mais uma vez demonstro o quão idiota sou (é uma deixa para os anónimos... aproveitem!
Comentários
Ainda recentemente vi um reserva, do ano anterior, e a custar menos de 4€. Mas alguém acredita que aquela designação de "reserva" tem alguma qualidade associada? Será preciso ser pouco inteligente para acreditar.
E quero acreditar que o consumidor, apesar de tudo o que se diz e que se lhe tentar impingir, até é inteligente. Se comprar o tal vinho não é pelo rótulo "reserva". É por ser ao seu agrado.
No longo prazo esse tipo de produtor apenas está a prejudicar-se a si. Quando um dia quiser fazer um verdadeiro Reserva (reparem aqui no R maiúsculo), com a qualidade e cuidados que o mesmo merece, vai ter dificuldades em o vender pois já queimou a marca. Azar.
Tens de ver o "consumidor comum" como um grupo grande de pessoas. E sabes que podes enganar alguns durante muito tempo ou poucos por muito tempo. Mas eventualmente vais ser apanhado.
Além disso para o "consumidor comum" o reserva pouco importa. Ele quer saber do preço e da qualidade. Apenas isso o vai levar a comprar a segunda garrafa.
You can fool some people sometimes,
But you can't fool all the people all the time. ;)
Gonçalo