Reflexões em Dó Maior


Como alguns de vós saberão (os que não sabem ficam agora a saber… e isso também me interessa) estou a preparar o primeiro evento de um projecto que intitulei de “TWA inspira Portugal”. A ideia é simples e consiste na prova de vinhos que tenham obrigatoriamente em comum um único denominador. Nesta primeira será a casta. A começar, Touriga Nacional.
Inicialmente, pretendi ter cerca de 10 vinhos representativos das principais regiões. Rapidamente a coisa foi crescendo e, a alguns dias de fechar a contagem, estou perto dos 20 e aguardar resposta de outros 10.
Não adianta por agora revelar nomes, quantidades, regiões,…. Isso será feito, como deve ser no início da próxima semana. Cada coisa a seu tempo. Posso dizer que estou muito contente com o resultado conseguido até agora. Não me sabia tão apoiado pela produção. É bom saber disso! O meu obrigado, em especial por quem me tem ajudado como interlocutores e fornecedores de contactos.
Mais uma vez estão a pensar qual a razão destas linhas. Porque raio estou, então, a torrar-vos o tempo.
Apenas para afirmar que, na minha ingenuidade pensei que conseguiria organizar uma coisa com custos baixos, e sem ter de pedir apoio aos produtores. Como deverão calcular, não fui capaz, caso não entrasse em contacto com eles, caso não tivesse tido a coragem de lhes pedir para confiar num tipo completamente desconhecido, num projeto, quiçá doido e sem futuro, talvez não conseguisse nada.
No entanto, todos têm ajudado como podem e parecem entender a minha vontade de retribuir a ajuda com divulgação, essa que grito há muito ser a grande necessidade dos produtores.
Independentemente da ajuda que cada um tem podido dar (estamos somente a falar no vinho, não há pagamentos envolvidos), sinto uma enorme pressão pelo facto dela existir. Sinto que tenho obrigação de valorizar aquelas 3 ou 4 garrafas que me foram facultadas ou vendidas a um preço simbólico.
Aprendi  por estes dias (e é agora que começa a ironia, agarrem-se) a valorizar a pressão que bloggers e críticos sentem durante um ano inteiro, já que, para alimentar o fluxo de publicações se vêm obrigados a pedir aos produtores essa credulidade, essa aposta no escuro, esse risco.
Sinto-me intimidado com cada nova remessa de garrafas que me chega a casa. Sinto o peso do trabalho, do esforço, do sacrifício, da duvida, da esperança das mão que mas enviaram. A minha responsabilidade de fazer valer cada uma daquelas botelhas.
Como é duro ter a casa cheia de caixas com tamanha carga emocional. chega a gerar alguma angustia. É o trabalho árduo de uma boa quantidade de pessoas, de equipas inteiras. Muitas dessas embalagens primárias (o que é que querem já usei tanta vez a palavra garrafas que tive de arranjar alternativa) são anos de investimento e espera.
 Hoje dei um passo mais, na compreensão e respeito pelos bloggers e críticos que fazem por valorizar cada garrafa que recebem. Que fazem por dar uso correcto à dádiva e não perdem tempo até publicar o que lhes vai na alma.... tão rapidamente que muitas vezes até parecem que estão ainda sob a influência dos vapores etílicos.
É que parecendo que não…. Dá cabo dos nervos de um gajo!

Comentários

Unknown disse…
É engraçado referires essa pressão em divulgar, em dar destaque a uma garrafa recebida por um blog. Acaba por ser um bocado o estares na pele dos bloggers (sim, eu sei que tu tens um blog, mas tu és da produção e não dos opinion makers).

Sempre senti esse peso pois assumo o receber uma garrafa de oferta de um produtor como um contrato. Ele dá a garrafa e eu dou a opinião (a minha sem aceitar influências do que o produtor acha).

Espero que o evento corra bem e que finalmente te livres da pressão.

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