A prova ... pelos enólogos! - Post II

Foto usada a partir do perfil de facebook do CNVE

Depois do episódio relatado ali, lembrei-me de um outro passado há mais anos!
Estaríamos em 2007 (mais coisa menos coisa!) e eu um estreante no Júri do Concurso Nacional de vinhos engarrafados. Era a minha primeira mesa, não me lembro com quem a partilhava (por acaso até lembro mas não me apetece referir!), mas é certo que o chefe era o Osvaldo Amado.
Neste concurso, pelo menos na altura e nos anos que por lá provei, não recebíamos qualquer indicação sobre como provar, ficando a avaliação ao critério de cada um (o que considero errado!).
A verdade é que sou um tipo de sorte e calham-me quase sempre mesas boas. Não era incomum ficar sob a batuta de Horácio Simões e ter a "árdua" tarefa de avaliara Portos e Madeiras. Desta vez fomos brindados com uma série de tintos velhos (bem, não se pode dizer que fossem bem velhos, tinham qualquer coisa como 5-7 anos ou lá o que era!).
No meu calor jovial, no meu recente debute no meio enológico, ainda andaria apaixonado pela perfeição e pelo sonho do vinho lapidado. Pelas promessas dos adjuvantes enológicos e por todo um conceito de perfeição que só o avançar e a maturidade profissional me fariam modificar. Aos poucos.
O Osvaldo, para quem não conhece, é o tipo de chefe de mesa que gosta de conversar sobre o vinho. Gosto desta postura, principalmente quando são vinhos difíceis de entender por todos. Anda quase sempre em pé e corre os provadores um a um. Quem sabe dá uma dica e os argumentos, não sendo impositivo são, a meu ver, benéficos para uma mais justa avaliação do néctar.
Mas, daquela vez, eu não consegui atinar com aquilo. Lembro-me que não sentia harmonia entre a boca e o nariz. Achei sempre que estavam pouco aromáticos, pouco complexos, muito mortos para uma boca que, essa sim se encontrava bastante aceitável.
O nosso simpático chefe, na simplicidade e alegria que o caracteriza, tentava a todo o custo convencer-me de que os vinhos mereciam alguma atenção extra e que, por algum acaso que nenhum de nós estaria a perceber (leia-se eu!) estaríamos a exigir dos vinhos aquilo que eles já não eram. Entenda-se, bombas de fruta e de extracção.
Na mesa, ao meu lado, a minha vizinha queixava-se (por osmose?) do mesmo que eu e os restantes 4 elementos riam da discussão. Quando o Osvaldo me pedia para olhar para o equilíbrio eu reclamava e respondia-lhe que não se incomodasse, que a minha nota sairia de qualquer maneira (são excluídas as notas mais alta e mais baixa).
Hoje em dia não deixo de me rir disto, e há distância não me recordo se os vinhos eram de facto desequilibrados ou se era a minha prova demasiado "enológica".
Em todo o caso, defenderei sempre a primeira! Pelo sim pelo não. Há uma reputação em jogo. A minha!
Eh, eh, eh, eh, eh!

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