Não chove nada!
Foto usada a partir daqui |
Fizeram-se obras na quinta onde trabalho e para isso, contratou-se um empreiteiro que trouxe a sua equipa.
De entre os pedreiros e trolhas, houve um que caiu na tentação, comum aos Portugueses, de achar que o vinho não é coisa que se venda, mas sim, um sinal de prosperidade que todos temos obrigação de oferecer.
O tipo entrou na adega num daqueles dias em que ando com os azeites. Mal o vi, percebi logo ao que vinha.
Depois de um qualquer desbloqueador de conversa que não recordo, o diálogo foi mais ou menos este:
Sr. Trolha -Eh pá! Um gajo anda há semanas a trabalhar numa adega de vinho e não chove nada!.
Eu - Então? Está bom tempo, estamos na primavera, queria chuva?
Sr. Trolha - Não, amigo. Não chove é vinho!
Pausa dramática.
Eu - Olhe lá, se for trabalhar para uma E.T.A.R., também espera que chova MERDA?
Sr. Trolha- (silêncio)
Depois disto, apenas o inevitável. Virou as costas e nunca mais lhe vi os dentes.
Epílogo
Se há coisa que me tira do sério é mesmo o facto da malta achar que o vinho é coisa que se possa dar sem prejuízo. Que todo e qualquer amigo, conhecido, visitantes ou simplesmente alguém, porque sim, tem legitimidade para receber de oferta uma garrafinha.
Não sei se sabem isto, mas nós, vivemos mesmo à conta da venda (depois de boa cobrança) das ditas garrafas!
Comentários
Muito bem respondido, sim senhor!
Na adega onde trabalho já enfrentei situações parecidas, seja com trabalhadores de contrução civil, seja com motoristas das transportadoras...
Acho que isto deve ser um costume antigo, do género: num determinado local onde se trabalhava e existisse uma adega, o dono dava vinho.
Até acho que há expressões populares para isto, tipo "trabalhar de seco" (só a dinheiro) ou "trabalhar com conduto" (a dinheiro e com comida e bebida).
Abraço e bons posts
Ricardo, adegueiro
Não sei de onde isso vem, mas que me faz passar da cabeça... faz! :)