Nem os Monty Python....
Querido diário:
Nota prévia:
Todos os anos, quando começo a fazer análises à uva, tenho por hábito guardar os mostos brancos, que depois deixo fermentar. A desculpa é a de que gosto de ter uma ideia prévia sobre possíveis problemas fermentativos. A verdade é que estas fermentações libertam no laboratório, os aromas do Setembro da minha meninice, ligeiramente diferente dos aromas mais limpos das fermentações à séria. Amenizam o saudosismo hedonístico e criam ambiente para a época que se inicia.
Imagina agora isto:
Chego à adega de manhã e o produtor já cá está. Espera um grupo de eno turistas que marcaram visita para as 9:30. Encetamos conversa enquanto começo a preparar o trabalho do dia. Reparo, que as garrafas com o mosto da semana passada ficaram tapadas e iniciaram fermentação. Estão ambas tombadas (são garrafas de água de 1,5L) e gordas como o mais roliço dos glutões após uma feijoada à transmontana.
A partir daqui tudo se passa muito rapidamente.
Eu dirijo-me às garrafas para lhe libertar o gás, mas sem dar devida importância ao assunto. Ao rodar a primeira rolha, uma explosão faz o meu patrão proteger-se como se estivesse numa zona de guerra. Eu perplexo, tento contornar o esguicho. Sou, por momentos, um vencedor de um grande prémio de formula um. Aquilo molha tudo ao seu redor e, aparentemente, eu estou ileso.
Eis se não quando, reparo na chegada de um grande autocarro. De lá sai uma turma de 37 crianças mais monitores. È precisamente nessa altura que sou informado que esse grupo é para mim... Boa! Mesmo a calhar!
Ao olhar-me de alto, reparo no cenário da foto. Porra! Vão mesmo acreditar que foi sumo de uva.
Não aguento mais... disparo numa gargalhada que não consigo controlar e é assim que recebo a "canalha". "Fica tudo" espantado. Com ar de quem pergunta sobre o tipo de palhaço que estou a tentar ser.
No fim, correu tudo bem. Acreditaram que eu me tinha distraído com a brincadeira e fui tarde à casa de banho e ainda saíram daqui muito contentes com a possibilidade de hoje à noite, poderem desafiar os pais a deixar um pouco de vinho na garrafa para fazer vinagre.
Lembrei-me da frase do meu amigo Jorge Nunes, repetida à exaustão uma destas noites:
"Desta, nem os Monty Python se lembravam!"
Nota prévia:
Todos os anos, quando começo a fazer análises à uva, tenho por hábito guardar os mostos brancos, que depois deixo fermentar. A desculpa é a de que gosto de ter uma ideia prévia sobre possíveis problemas fermentativos. A verdade é que estas fermentações libertam no laboratório, os aromas do Setembro da minha meninice, ligeiramente diferente dos aromas mais limpos das fermentações à séria. Amenizam o saudosismo hedonístico e criam ambiente para a época que se inicia.
Imagina agora isto:
Chego à adega de manhã e o produtor já cá está. Espera um grupo de eno turistas que marcaram visita para as 9:30. Encetamos conversa enquanto começo a preparar o trabalho do dia. Reparo, que as garrafas com o mosto da semana passada ficaram tapadas e iniciaram fermentação. Estão ambas tombadas (são garrafas de água de 1,5L) e gordas como o mais roliço dos glutões após uma feijoada à transmontana.
A partir daqui tudo se passa muito rapidamente.
Eu dirijo-me às garrafas para lhe libertar o gás, mas sem dar devida importância ao assunto. Ao rodar a primeira rolha, uma explosão faz o meu patrão proteger-se como se estivesse numa zona de guerra. Eu perplexo, tento contornar o esguicho. Sou, por momentos, um vencedor de um grande prémio de formula um. Aquilo molha tudo ao seu redor e, aparentemente, eu estou ileso.
Ao olhar-me de alto, reparo no cenário da foto. Porra! Vão mesmo acreditar que foi sumo de uva.
Não aguento mais... disparo numa gargalhada que não consigo controlar e é assim que recebo a "canalha". "Fica tudo" espantado. Com ar de quem pergunta sobre o tipo de palhaço que estou a tentar ser.
No fim, correu tudo bem. Acreditaram que eu me tinha distraído com a brincadeira e fui tarde à casa de banho e ainda saíram daqui muito contentes com a possibilidade de hoje à noite, poderem desafiar os pais a deixar um pouco de vinho na garrafa para fazer vinagre.
Lembrei-me da frase do meu amigo Jorge Nunes, repetida à exaustão uma destas noites:
"Desta, nem os Monty Python se lembravam!"
Comentários