Porque sou enólogo?
26 de Julho, marca uma data importante. Para além de algumas questões pessoais, corresponde ao inicio da minha aventura "conjugal" com o vinho. Foi em 2004, pelo que fez 10 anos.
Já era um apaixonado pelo vinho quando entrei para a universidade. Contudo, nunca ponderei a hipótese de pagar as contas desta maneira. O meu caminho era outro. Queria ser investigador e descobrir a cura para o cancro. Não ambicionava menos que um prémio Nobel como recompensa.
Não adianta esmiuçar os motivos pelos quais o mundo da investigação me desiludiu, mesmo antes de começar. Adianta explicar que a dada altura comecei a olhar para este fabuloso mundo como uma possibilidade, e muito empolgante. Soma-se o facto de, desde sempre, me ter seduzido mais uma casa em ruínas que necessita ser recuperada do que uma moradia novinha em folha. Muito mais trabalho, mas com resultados mais saborosos.
Ora, sendo eu um Ribatejano, nascido e criado no coração da região, conhecia bem a realidade do sector ali. Estava (e ainda está, embora reconheça a evolução dos últimos 10 anos) a precisar de muito trabalho de reconversão, remodelação, reorganização, "rementalização", ..., acima de tudo, alguma reorientação!
Logo, havia muito trabalho a fazer e eu, desde sempre que me senti seduzido pelo cheiro da terra. Assisti a muitas vindimas, brinquei à volta de muitos reboques de uva (curiosamente, mais branca que tinta), passei horas, dias, enfiado em adegas, levado pela mão do meu avô (que ia lá para beber e conversar). Pensei... PORQUE NÃO?
E assim foi. Tinha pouco tempo para decidir. Estavamos nas férias entre o 4º e o 5º ano do curso (Engenharia Biotecnológica). Teria de, muito em breve escolher estágio e queria fazer algo que fosse útil para o futuro. Com a ajuda de dois amigos, visitei algumas adegas e, das possíveis, escolhi a Alorna para experimentar. Foi lá que fiz o meu primeiro e único estágio de vindima.
Deu inicio, precisamente no dia 26 de Julho.
Não vale a pena afirmar que foi uma experiência do outro mundo (um dia destes conto porquê) e que por isso decidi que ela mesmo isto que queria fazer, pois não?
Quando finalmente tive de escolher o estágio curricular, já sabia o que queria, queria uma experiência com a industria da cerveja, pela sua abordagem de topo. Achei que, sendo industrias com a mesma base, poderia ter muito a levar para o vinho, já que a minha mais valia seria (e penso que será sempre) esta de vir de outra área e poder olhar os mesmos problemas, mas de outras perspectivas.
Nisto tudo, a maior ironia foi mesmo o facto de até hoje nunca ter trabalhado no Tejo. A oportunidade (e as posteriores) que me surgiu foi em Bucelas (e Lisboa) e por aqui tenho estado.
Mas... a procissão ainda vai no adro!
Um dia destes... volto a "casa".
Comentários
Porque...
Vinho Tinto - Papa Figos
Quinta de La Rosa Reserva Tinto 2010.
Monte do Enforcado Branco
Espumante Murganheira Millésime Bruto
mas ainda há muitas mais razões.
Continuação de bom trabalho.
Sério que só sabe para isto?
Ao menos vende algum vinho feito por mim? Era o mínimo. Se não reparou, nem neste post... sou enólogo!