Casa Cadaval - Trincadeira 2002
Nesta fase, será difícil desconhecer que uma das regiões onde procuro, com afinco, fazer vinho nos tempos mais próximos é a minha região berço, o Tejo. Aflorei os motivos neste post.
Confesso que andava meio arredado do que se anda a fazer na região, principalmente porque tenho andado a descobrir outras que conheço pior. Recentemente, voltei a comprar vinhos da região e, devo salientar que há dois factos que me têm entristecido numa primeira análise. Primeiro, cada vez é mais difícil encontrar um vinho contendo só castas nativas (o castelão então...). Segundo, nos poucos que contrariam o primeiro facto, quando encontro vinhos extremes, os descritores só vagamente os consigo associar aos que a minha pobre memória registou.
Contudo, não sou cego e vejo que a mudança para castas internacionais, para estilos mais consensuais e para abordagens menos regionalistas tem trazido fama e glória junto dos consumidores e da critica um pouco por todo o lado. Isso deve justificar a mudança...
O que me deixa verdadeiramente confuso, é mesmo a prova de vinhos como este que, passados 13 anos me gritam o quanto vale a pena apostar nas castas locais e aplicar-lhes métodos que os deixem expressar o que a uva tem para dar.
Não precisam ir a correr comprar o vinho, ele não resulta, quanto a mim de uma visão como a que acabo de descrever. Eu diria que foi um vinho feito para ser vendido nos primeiros anos de vida, provindo de um ano onde a maturação dos fenóis não se deu por completo. Tem, por isso, junto com a delicadeza da evolução positiva dos constituintes do vinho, um toque de cereal doce que atribuo à evolução dos herbáceo. A esta junta-se uma acidez viva, persistente mas dura. Diria que se vindimou tarde, com necessidade de corrigir acidez, mas antes de ter os fenólicos maduros. Nada de estranho. O normal na época. Especialmente para vinhos idealizados para consumir nos primeiros 10 anos.
Mas... o que está para além disto tudo é que me põe a sonhar!
Comentários
Tu e a saga dos vinhos velhos...
Não desistes, pois não?
Admiro a persistência, a sério que admiro.
Houvessem muitos como tu e nem chegavam a existir stocks de vinhos velhos.
Pois vinhos tintos velhos, comigo quase sempre acabam mal, com aquela cena do couro, eu vou sempre chamar-lhe suor de cavalo, para mim tem sido sempre um defeito e por isso... OUT!
Mas fico à espera de uma masterclass!!
Ricardo
Houvesse mais como eu e teríamos problemas ainda mais sérios nas adegas Portuguesas... ou não!
O tempo não abunda para as master class. Vamos ver se consigo uma lá para Abril! ;)
Abraço e muito obrigado pela persistência na leitura dos escritos que a minha mente demente aqui vai debitando!
Infelizmente não senti que as novas colheitas seguissem a mesma linha orientadora. Ou talvez só precisem mesmo de mais tempo.
Este em especial é de um ano difícil, tem desculpa! :)