A vinha do vinho HM Lisboa branco 2016
Todo o vinho precisa de uma vinha não é?
Sabem bem que não, certo? Quem não conhece as sábias palavras atribuídas a Abel Pereira da Fonseca no seu leito de morte a seus filhos: "Não se esqueçam que também de uvas se faz vinho!".
Não resisto a contar este pequeno episódio aquando da prospecção de umas vinhas, há uns bons dois anos atrás pelas encostas de Alenquer. O viticultor dizia-me que havia ali muito vinho nas redondezas feito com casta Alcântara. Eu não querendo dar parte fraca não me descosi, mas indaguei qualquer coisa que o fez perceber que eu tinha sido apanhado na trama. Notei isso pelo sorriso e depois de uma pausa perguntou: "Conheces essa casta, não?". Eu aprendi o valor do trabalho numa empresa cheia de "velhos" espertalhões e danados para a partida, percebi logo que estava a ser "enrabado". Não tive saída e respondi: "Não estou a ver...". Ele soltou uma gargalhada e desfez o mistério. É açúcar pá! É açúcar! Não te lembras que as sacas tinham escrito Alcântara por causa da fábrica? Temendo que ele ainda me quisesse apanhar de recarga apressei-me a afirmar que não estava familiarizado com sacas de açúcar.
E não estou, por isso tive mesmo de procurar uma vinha. Sabia que uvas queria e como as queria. Procurava Fernão Pires (FP) num local que não fosse demasiado quente ou com solos que aqueçam demasiado pois queria colhe-las com base na acidez. Esse factor favoreceria também o Arinto que o queria apenas bem estruturante. Neste não precisaria de nada transcendente. O segredo seria a data da colheita e a fase em que colheria o FP.
Em conversa, o meu amigo Ricardo Santos, enólogo na Quinta do Carneiro (e um não menos talentoso running winemaker), mencionou-me que tinha um parcela de FP com as características que eu procurava. Maturação tardia, terreno plano e bem arejado. Solos argilo-calcários típicos da maior parte da região de Lisboa. Por isso pouco atreito a doenças e com menor necessidade de intervenção. Vinhas adultas (25 anos) e pobres. Pretendia produções abaixo das 10 ton/ha, por isso fiquei seduzido pelas 6 ton/ha que me apresentou. A chave da conversa: "Aquela parte da parcela, devido a irregularidades do solo tem de ser apanhada à mão!"
Não tive duvidas. É essa que quero. Vamos experimentar!
Experimentei e adorei o resultado. Tanto que não descansei enquanto não arranjei maneira de verter o liquido para garrafas. O resto da história vocês já conhecem... até porque fazem parte dela!
Sabem bem que não, certo? Quem não conhece as sábias palavras atribuídas a Abel Pereira da Fonseca no seu leito de morte a seus filhos: "Não se esqueçam que também de uvas se faz vinho!".
Não resisto a contar este pequeno episódio aquando da prospecção de umas vinhas, há uns bons dois anos atrás pelas encostas de Alenquer. O viticultor dizia-me que havia ali muito vinho nas redondezas feito com casta Alcântara. Eu não querendo dar parte fraca não me descosi, mas indaguei qualquer coisa que o fez perceber que eu tinha sido apanhado na trama. Notei isso pelo sorriso e depois de uma pausa perguntou: "Conheces essa casta, não?". Eu aprendi o valor do trabalho numa empresa cheia de "velhos" espertalhões e danados para a partida, percebi logo que estava a ser "enrabado". Não tive saída e respondi: "Não estou a ver...". Ele soltou uma gargalhada e desfez o mistério. É açúcar pá! É açúcar! Não te lembras que as sacas tinham escrito Alcântara por causa da fábrica? Temendo que ele ainda me quisesse apanhar de recarga apressei-me a afirmar que não estava familiarizado com sacas de açúcar.
E não estou, por isso tive mesmo de procurar uma vinha. Sabia que uvas queria e como as queria. Procurava Fernão Pires (FP) num local que não fosse demasiado quente ou com solos que aqueçam demasiado pois queria colhe-las com base na acidez. Esse factor favoreceria também o Arinto que o queria apenas bem estruturante. Neste não precisaria de nada transcendente. O segredo seria a data da colheita e a fase em que colheria o FP.
Em conversa, o meu amigo Ricardo Santos, enólogo na Quinta do Carneiro (e um não menos talentoso running winemaker), mencionou-me que tinha um parcela de FP com as características que eu procurava. Maturação tardia, terreno plano e bem arejado. Solos argilo-calcários típicos da maior parte da região de Lisboa. Por isso pouco atreito a doenças e com menor necessidade de intervenção. Vinhas adultas (25 anos) e pobres. Pretendia produções abaixo das 10 ton/ha, por isso fiquei seduzido pelas 6 ton/ha que me apresentou. A chave da conversa: "Aquela parte da parcela, devido a irregularidades do solo tem de ser apanhada à mão!"
Não tive duvidas. É essa que quero. Vamos experimentar!
Experimentei e adorei o resultado. Tanto que não descansei enquanto não arranjei maneira de verter o liquido para garrafas. O resto da história vocês já conhecem... até porque fazem parte dela!
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