Ofícios Douro 2013

Ontem tive cá gente a jantar. Família, daquela que não sendo enochata, já sabe distinguir entre os meus vinhos e a restante zurrapa. A Sara fez arroz de pato em estreia absoluta e a mim apeteceram-me tintos frescos. Correu bem o pato, mas este vinho... difícil, embrulhado e com a volátil a mostrar-se muito mais do que eu queria. Confesso que pensei pouco, o mote era o desfrute do momento e não perder muito tempo com os vinhos (já estava danado com 3 rosés que foram na integra para o cano). Ainda assim, sabendo que não era um vinho qualquer meti-lhe a rolha, fui abrir um Murta 2015 e deixei-o para pensar melhor depois.

O cabrão estava hoje muito diferente do que senti ontem. Ganhou presença de boca e a volátil desapareceu. Abriu, equilibrou e está muito mais fixe e prazeroso.

Tenho muito respeito pelo Hugo e seu trabalho. Adoro discutir enologia e viticultura com ele e por isso vos digo com franqueza, se ontem fiquei danado, hoje fiquei muito orgulhoso do meu amigo. Que belo vinho tens aqui pá. Que bela homenagem a quem "trabalha os ofícios da vinha" como referes no contra-rótulo. Parabéns. Gostei muito!

Mas já sabem, se querem tirar o máximos de prazer, esperem uns anitos ou abram e decantem-no umas boas horas antes. A temperatura também conta muito aqui, não se estiquem muito para cima dos 18ºC para ele não perder a garra e a frescura que lhe dão graça depois do arejamento.

È vinho para ter cuidado no consumo, mas para comprar sem medos!