Quinta da Murta Clássico 2015
Bem...
Como alguns de vós sabem, aqueles que seguem a Venda do Mendes (Facebook; WhatsApp e mailing list)*, está a decorrer uma venda exclusiva deste vinho por lá. Se vos interessa, bem como às promoções futuras, não deixem de se juntar ao grupo, na forma que melhor vos convier.
Mas então, o que tem este vinho de tão especial?
Para mim, é o pináculo desta referência. Nos quase 14 anos que levo como enólogo da casa, todas as experiências e estudos foram no sentido de engarrafar um vinho que expressasse a região em pleno, bem como a nossa visão produtor/enólogo do que deveria ser a perfeição ali.
2015 foi um ano relativamente bom em Bucelas, com uma maturação excelente para quem gosta de vinhos que preservem a acidez, mesmo com uvas mais maduras como é o caso (no Quinta da Murta colheita arrisco dizer que teremos também o melhor de sempre).
O vinho é constituído por duas partes principais e uma outra que serve apenas de tempero. Podemos dizer com razão que têm três níveis de maturação, sendo que a maior parte, 70% tem a maior maturação no lote. Esta foi a parte que fermentou em madeira usada e que ali estagiou cerca de 12 meses antes de ser loteada com um vinho feito ao estilo da base espumante (mais neutro de aromas mas mais forte na acidez).
O resto é o normal para mim neste tipo de vinhos em que quero ver expressa a casta e a região de onde vêm. Temperaturas entre os 15 e os 20ºC; leveduras indígenas (para quem sabe trabalhar com elas...) e pouca intervenção durante e depois da fermentação. Estágio longo em cuba e barrica (nada de batonnage quando tenho tempo para o vinho se fazer sozinho) e um engarrafamento para estágio em garrafa (em finais de 2017 se não me falha a memória).
Sinto que "Bucelas" é uma característica que se forma nos vinhos daqui e precisa de alguns componentes chave para que apareça, pelo menos apareça da forma em que gosto dela.
Tempo é o actor principal aqui. Depois o uso de práticas cirúrgicas no que toca aos momentos de colheita, gestão de oxigénio nos mostos, clarificações, gestão de sulfuroso,...
Isto é importante quando queremos vinhos que envelheçam maravilhosamente ao mesmo tempo que queremos usar a menor quantidade de sulfuroso possível (são as minhas duas lutas de sempre). Importante ou fundamental é ainda o respeito pelos estágios, seja em cuba/barrica, seja depois em garrafa. Em cuba/barrica procuro não forçar a borra com batonnage. Faço pequenas ressuspensões aqui e ali para minimizar o uso de SO2 (uma a cada 2 meses, mais ou menos). Porquê? Porque não quero este vinho marcado com amargos da levedura que duram muito tempo a amadurecer e quando o fazem, apesar de poderem dar-me vinhos maravilhosos (2013 é disso um exemplo), não me dão a pureza evolutiva que vem apenas da uva. Mariquices eu sei... mas é assim!
Para quem conheceu o Myrtus Reserva 2008, este vinho resultou da vontade de o fazer novamente, só que mudando o único factor que me aborrecia nele. O excesso de madeira nova (o 2008 foi o ultimo ano em que estreamos madeira).
Quanto a mim, será num futuro não muito distante, um vinho fantástico, destacando-se de entre os seus irmãos (e não é fácil suceder ao 2013) pela sua frescura, clareza e complexidade na longevidade.
Estou a guardar umas 100 garrafas a para casa... tal é a "cigueira"!
E sim... estou a vendê-lo... "ah... então é por isso que falas assim!" Não, é ao contrário... é por isso mesmo é que estou a vendê-lo. Faço questão que uma boa parte vá parar aos copos de quem o sabe apreciar e dele tirar partido.
Aproveitem. Só vos digo. É um óptimo investimento, seja para quem o quer consumir já, seja para quem gosta de guardar...
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* Aos interessados, mandem-me mensagem para hugo.mendes@twawine.com e trataremos de vos adicionar da forma que melhor vos satisfizer.
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